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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Promotoria denuncia três suspeitos de matar extrativistas no PA

27/07/2011- Folha On Line

FELIPE LUCHETE

DE BELÉM

O Ministério Público do Pará ofereceu denúncia (acusação formal) nesta quarta-feira contra os suspeitos de matar em maio o casal de extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo.
O casal foi morto a tiros no assentamento onde moravam em Nova Ipixuna, no sudoeste do Pará, em maio.
O inquérito policial sobre o crime, entregue à Justiça na semana passada, aponta como mandante José Rodrigues Moreira, 42, dono de terras no assentamento onde o casal vivia. O irmão dele, Lindonjonson Silva Rocha, 29, é suspeito da execução, com ajuda de Alberto Lopes do Nascimento, 29.
A promotora de justiça Amanda Luciana Lobato denunciou Rodrigues sob acusação de homicídio duplamente qualificado. Os outros dois foram acusados de cometer homicídio triplamente qualificado. Segundo a polícia, eles não têm advogado.
A Promotoria pediu a prisão preventiva dos suspeitos, "pois, soltos, (...) poderão sumir com provas e ameaçar testemunhas". O processo será encaminhado agora ao juiz Murilo Lemos Simão, da comarca de Marabá.
Durante as investigações, a polícia já havia feito dois pedidos de prisão, ambos negados pelo juiz. Na segunda-feira (25), a família dos extrativistas e movimentos sociais divulgaram nota criticando a atitude dele.
Hoje, a Associação dos Magistrados do Pará disse em nota que Simão, "magistrado sem qualquer mácula", conhece os conflitos agrários da região, mas não pode "proferir decisões que, de acordo com seu entendimento, não encontram respaldo no ordenamento jurídico".
Na terça-feira, o juiz divulgou uma nota negando que suas decisões tenham ajudado na fuga dos três suspeitos do crime.

France Presse
José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foram mortos em 24 de maio
José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foram mortos em 24 de maio              

terça-feira, 26 de julho de 2011

Ateus espalham outdoors polêmicos em ruas de Porto Alegre (RS)

26/07/2011 - 11h47

FELIPE BÄCHTOLD
DE PORTO ALEGRE

"Religião não define caráter." "Somos todos ateus com os deuses dos outros." Com mensagens como essas, outdoors elaborados por uma associação que reúne ateus começaram a ser espalhados por Porto Alegre.
O objetivo, segundo a entidade, é combater o preconceito contra quem não acredita em nenhum deus. A campanha já vinha sendo realizada em diversos países, com anúncios em ônibus, há dois anos.
No Brasil, a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos diz que empresas de transporte de Porto Alegre, Salvador, Florianópolis e São Paulo rejeitaram a proposta de publicidade, feita no final do ano passado.
Os motivos alegados eram desde conteúdo ofensivo até o veto a mensagens que estimulem a "discriminação de credo". "Chegamos a contratar o serviço. Mas, na última hora, disseram que não ia rolar", conta o presidente da entidade, Daniel Sottomaior.

Reprodução
Imagem divulgada em outdoors na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul; mensagem causa polêmica
Imagem divulgada em outdoors na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul; mensagem causa polêmica
A solução encontrada foi usar os outdoors convencionais. Quatro já foram fixados por ruas da capital gaúcha. O gasto, estimado em R$ 7.000, foi bancado por doadores da entidade. Porto Alegre é a primeira capital no país a receber a iniciativa. A expansão para outras cidades vai depender de mais doações.
A campanha gerou polêmica em outros países. Na Inglaterra, em 2009, foram publicadas mensagens dizendo: "Deus provavelmente não existe". A associação brasileira diz que a iniciativa busca a "igualdade plena" entre ateus e religiosos.

Fonte: Folha Online

segunda-feira, 25 de julho de 2011

25 de Julho: Dia de quem cultiva a terra e luta pela vida

Popularmente se diz que o 25 de Julho é o "Dia do Agricultor", mas em muitos locais se diz "Dia do Colono" e ultimamente se recupera um sentido mais original para quem trabalha no campo e se diz que é o "Dia do Camponês". Na verdade o "Dia do Agricultor" é 28 de Julho, data instituída a partir do centenário da criação do Ministério da Agricultura, em 1960, por decreto do presidente Juscelino Kubitschek. Já a data de 25 de Julho, como "Dia do Colono" é uma homenagem aos "colonos" estrangeiros que imigraram ao Brasil no final do século 19 início do século 20.

Mas, hoje, quando se fala em agricultor, colono ou camponês, já se sabe que se refere ao pequeno agricultor, o homem e a mulher que trabalham na agricultura familiar e camponesa. E quando se refere aos grandes, os latifundiários e ruralistas, eles gostam de serem chamados de "produtores rurais". E a imprensa frisa muito bem esta terminologia. De fato eles produzem e muito. Produzem, em primeiro lugar, a fome e a miséria porque roubam a terra de quem dela precisa. Produzem riqueza para eles. Os grandes não cultivam a terra, simplesmente arrancam dela o lucro.

Enquanto o pequeno agricultor, o colono, o camponês cultiva a terra, semeando a boa semente para colher o pão de cada dia que alimenta sua família e nutre o Brasil, o dito produtor rural trabalha com dinheiro e na terra põe o transgênico e o veneno e colhe muito mais dinheiro. Você já viu um produtor rural produzir sem dinheiro? Ele usa dinheiro público para arrancar da terra mais riqueza para ele próprio. Mas o pequeno agricultor, que nem sempre tem recursos para cultivar a terra, trabalha na fé, na coragem e no amor.

Mas, a mulher e o homem que, com simplicidade, cultivam a terra, também são cultivados por ela e aprendem a lutar pela sua dignidade e pelo respeito a vida. Quando pessoas simples e humildes se levantam do chão como plantas que querem florir, é porque a terra cultivou seus corações e mentes e aprenderam na vida que é preciso lutar para viver. Por isso, nesta data, é preciso enaltecer mulheres e o homens que, cultivando a terra, aprendem a lutar.
25 de Julho deve ser um dia para celebrar e lutar, porque a vida do pequeno agricultor, colono ou camponês é marcada pela luta, mas com muita mistica e amor com a terra.
Pilato Pereira - CPT/RS

domingo, 24 de julho de 2011

Romaria no Araguaia termina com luta contra violações


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Seg, 18 de Julho de 2011 13:44
Terras indígenas, reforma agrária, machismo, racismo e barragens unem milhares de pessoas no Mato Grosso para reafirmar a memória de quem dedicou a vida a uma causa. A 5ª Romaria dos Mártires foi realizada nesse fim de semana, 15 e 16 de julho, em Ribeirão Cascalheira (MT).


Por: João Peres, Rede Brasil Atual - (Foto: Douglas Mansur)
Ribeirão Cascalheira (MT) – Uma vela acende a outra, o fogo se multiplica por dois, por quatro, por oito, e logo são milhares as velas acesas nesta cidade do Araguaia. A fé move montanhas, mas velas não andam sozinhas: são muitos os romeiros vindos de outros estados da federação e de países da América do Sul e da Europa.
Na escuridão da noite, reinam as velas, uma imensidão a iluminar o caminho. Crianças, adolescentes, adultos, idosos são atraídos a cada cinco anos a Ribeirão Cascalheira, no Mato Grosso, para celebrar àqueles que entregaram a vida por uma causa. A Romaria dos Mártires da Caminhada não é uma celebração comum. “Não é uma festividade, não é um show. É uma memória martirial”, avisa Dom Pedro Casaldáliga, bispo que tornou famosa a Prelazia de São Félix do Araguaia ao defender ribeirinhos, indígenas, camponesas e todas as vítimas da opressão.
Aos 83 anos, retirado do comando da prelazia, é um mártir vivo desse encontro. Toda a comoção que já havia provocado ao longo do fim de semana se fez ainda mais forte aos fiéis quando afirmou que esta é sua última romaria na Terra, e que a próxima ele irá acompanhar a distância, no céu. Apesar de debilitado pelo Mal de Parkinson, Pedro enfrentou o exaustivo calor da manhã de domingo (17) para participar da celebração e cumprimentar a todos que conseguiram chegar até ele.
É, via de regra, um momento de emoção para quem o saúda. Os romeiros veem em Pedro um exemplo de entrega. Montserrat Calderó é, como o bispo, espanhola. Morando em Goiânia há quatro meses, não quis deixar passar a oportunidade de conhecer a alguém que há muitos anos admira. “Comecei a chorar. Não consegui falar nada, não me vinha nada à cabeça.” Seria difícil tentar explicar a reação de quem cumprimenta este senhor de corpo frágil e pequenino.
Energias
Quem comparece a este encontro garante sair de energias renovadas, mesmo após enfrentar uma viagem cansativa e uma rotina puxada, que inclui procissão de cinco quilômetros na noite de sábado e missa na primeira hora da manhã de domingo. O trabalho é mais árduo para os moradores desta cidade, que juntam forças durante meses para organizar a romaria. Os alimentos são plantados ou comprados pelos próprios, e todas as refeição são partilhadas na praça principal. Tudo coerente com a história da prelazia, que prima pela vida em comunidade, desapegada de bens materiais.
Essa é uma romaria revestida de forte caráter político, a começar pelo mote. O encontro é organizado desde 1986 para celebrar a memória dos mártires, em especial a do padre João Bosco Burnier. Em 1976, ao tentar fazer com que policiais militares dessem fim a uma sessão de tortura contra duas mulheres da comunidade, acabou assassinado.
Gente de vários estados do Brasil tem a oportunidade de conhecer esta história, mantida pela memória oral, e de compartilhar denúncias de violações de direitos humanos, de machismo, de racismo e de deslocamentos forçados. A terra xavante dos indígenas de Mato Grosso é ameaçada por invasores que se escoram na lentidão do Judiciário em encontrar um desfecho para a causa. “Tomaram da gente. Depois de 40 anos voltamos. Com luta, com peito aberto”, conta Carolina Rewwaptu, moradora das terras ameaçadas.
Padre Juquinha, da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Porto Velho, reclama que continuam os maus tratos a trabalhadores das obras da hidrelétrica de Jirau, que há quatro meses se revoltaram. “Muitos são iludidos pelas construtoras a ir para lá, não conseguem emprego e não têm como voltar para casa”, acrescenta. “A romaria é uma maneira de mostrar que ninguém está só nessa luta.”
Luta por justiça
A região do Araguaia, além da questão dos Xavantes, tem problemas com exploração de mão de obra e com disputas fundiárias. Dagnon Odilon da Silva, um jovem de 21 anos, é natural de São José do Xingu, a algumas horas de Ribeirão Cascalheira, uma terra dominada por conflitos pela terra. Segundo ele, há fazendas maiores que municípios e os latifundiários contam com apoio dos poderes locais para manter áreas improdutivas e reprimir movimentos sociais. “As pessoas que cometem essas atrocidades têm poder sobre a mídia. Por que não se divulga nada sobre isso?”, indaga.
Após uma celebração sob o sol forte do Centro-oeste, os romeiros fizeram uma última refeição comunitária e começaram o longo caminho de regresso aos estados. “Devemos renovar nosso compromisso de seguir em caminhada rejeitando tudo quanto seja mentira, corrupção, morte”, aconselhou Pedro. Em cinco anos, tudo começa outra vez.

Fonte: http://www.cptnacional.org.br

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A perda de confiança na ordem atual

Leonardo Boff.

Para os especuladores, também no Brasil, o dinheiro serve para produzir mais dinheiro e não para produzir mais bens
07/07/2011
Leonardo Boff
Na perspectiva das grandes maiorias da humanidade, a atual ordem é uma ordem na desordem, produzida e mantida por aquelas forças e países que se beneficiam dela, aumentando seu poder e seus ganhos. Essa desordem se deriva do fato de que a globalização econômica não deu origem a uma globalização política. Não há nenhuma instância ou força que controle a voracidade da globalização econômica. Joseph Stiglitz e Paul Krugman, dois prêmios Nobel em economia, criticam o Presidente Obama por não ter imposto freios aos ladrões de Wall Street e da City, ao invés de se ter rendido a eles. Depois de terem provocado a crise, ainda foram beneficiados com inversões bilionários de dinheiro público. Voltaram, airosos, ao sistema de especulação financeira.
Estes excepcionais economistas são ótimos na análise mas mudos na apresentação de saídas à atual crise. Talvez, como insinuam, por estarem convencidos de que a solução da economia não esteja na economia mas no refazimento das relações sociais destruídas pela economia de mercado, especialmente, a especulativa. Esta é sem compaixão e desprovida de qualquer projeto de mundo, de sociedade e de política. Seu propósito é acumular maximamente, apropriando de bens comuns vitais como água, sementes e solos e destroçado economias nacionais.
Para os especuladores, também no Brasil, o dinheiro serve para produzir mais dinheiro e não para produzir mais bens. Aqui o Governo tem que pagar 150 bilhões de reais anuais pelos empréstimos tomados, enquanto repassa apenas cerca de 60 bilhões para os projetos sociais. Esta disparidade resulta eticamente perversa, consequência do tipo de sociedade a qual nos incorporamos, sociedade essa que colocou, como eixo estruturador central, a economia que de tudo faz mercadoria até da vida.
Não são poucos que sustentam a tese de que estamos num momento dramático de decomposição dos laços sociais. Alain Touraine fala até de fase pós-social ao invés de pós-industrial.
Esta decomposição social se revela por polarizações ou por lógicas opostas: a lógica do capital produtivo cerca de 60 trilhões de dólares/ano e a do capital especulativo, cerca de 600 trilhões de dólares sob a égide do “greed is good” (a cobiça é boa). A lógica dos que defendem a maior lucratividade possível e a dos que lutam pelos direitos da vida, da humanidade e da Terra. A lógica do individualismo que destrói a “casa comum”, aumentando o número dos que não querem mais conviver e a lógica da solidariedade social a partir dos mais vulneráveis. A lógica das elites que fazem as mudanças intrassistêmicas e se apropriam dos lucros e a lógica dos assalariados, ameaçados de desemprego e sem capacidade de intervenção. A lógica da aceleração do crescimento material (o PAC) e a dos limites de cada ecossistema e da própria Terra.
Vigora uma desconfiança generalizada de que deste sistema não poderá vir nada de bom para a humanidade. Estamos indo de mal a pior em todos os itens da vida e da natureza. O futuro depende do cabedal de confiança que os povos depositam em suas capacidades e nas possibilidades da realidade. E esta confiança está minguando dia a dia.
Estamos nos confrontando com esse dilema: ou deixamos as coisas correrem assim como estão e então nos afundaremos numa crise abissal ou então nos empenharemos na gestação de uma nova vida social, capaz de sustentar um outro tipo de civilização. Os vínculos sociais novos não se derivarão nem da técnica nem da política, descoladas da natureza e de uma relação de sinergia com a Terra. Nascerão de um consenso mínimo entre os humanos, a ser ainda construído, ao redor do reconhecimento e do respeito dos direitos da vida, de cada sujeito, da humanidade e da Terra, tida como Gaia e nossa Mãe comum. A essa nova vida social devem servir a técnica, a política, as instituições e os valores do passado. Sobre isso venho pensando e escrevendo já pelo menos há vinte anos. Mas é voz perdida no deserto. “Clamei e salvei a minha alma”(clamavi et salvavi animam meam), diria desolado Marx. Mas importa continuar. O improvável é ainda possível.


Leonardo Boff é autor de Virtudes para um outro mundo possível 3 vol. Vozes 2005.
* Matéria copilada do site:http://www.brasildefato.com.br

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Enquanto houver pobre, haverá a teologia da libertação.

Pabro Richard
Que marcas permanecem em Pablo Richard daquele Movimento de Cristãos pelo Socialismo dos anos 1970, que nasceu da chamada Teologia da Libertação?

A Teologia da Libertação foi um movimento muito importante que tornou possível a convergência entre fé e política, porque normalmente os cristãos, quando havia um governo progressista ou socialista, sempre estavam na oposição, e foi a Teologia da Libertação que permitiu que a fé fosse mais libertadora, e correspondeu aos partidos políticos descobrirem que o cristianismo tinha uma orientação libertadora.

Foi a opção que permitiu aos cristãos participarem dos movimentos políticos sem perder a sua fé, o que foi novo, porque antigamente os cristãos que tinham uma opção política normalmente eram de direita, e os partidos de esquerda excluíam os cristãos, em um paralelismo que não se tocava.
A total convicção que fica em mim daquele movimento cristão é que não há nenhuma incompatibilidade entre cristianismo e socialismo, mas em processos concretos, ajudar as e os cristãos a participarem da política sem perder a fé, fé que se radicaliza ao aprofundar na realidade.
Que opinião merece a afirmação de que a Teologia da Libertação foi abortada pelos abruptos rumos da Igreja para a direita na América Latina?

Depende, porque há uma Igreja de “cristandade” que destruiu tudo o que se havia construído nas décadas de 1960 até 1980 e que está cada dia mais à direita. Mas, também existe a Igreja da libertação, das comunidades eclesiais de base, a Igreja dos pobres, que segue estando na linha libertadora e que está cada dia mais viva na América Latina. Na medida em que o sistema neoliberal e a Igreja de cristandade vão entrando em crise, as pessoas buscam uma alternativa, e essa é oferecida pela Teologia da Libertação. Na América Latina, só nos últimos dez anos, saíram 50 milhões da Igreja católica, e não porque foram para outros grupos religiosos, mas porque a Igreja não lhes diz nada. Isso faz parte da crise da “cristandade” que não dá nenhuma resposta aos problemas modernos.

Quando você vislumbra a atual realidade da América Latina, onde são cada vez mais comuns os desastres naturais e as mudanças climáticas que acentuam os níveis de pobreza, além de outros males como a corrupção, a violência e as drogas, como sustentar essa Palavra de Deus, como fonte de vida e esperança, que você anunciava às portas do atual milênio?

Primeiro, deve haver uma análise da realidade, desta economia de mercado de inspiração neoliberal que se mantém graças a salários baixos e destruição da natureza. É certo que há muitos setores da Igreja que estão metidos neste sistema neoliberal, mas há também pessoas que fazem a leitura da Palavra de Deus e grupos bíblicos que estão preocupados com esta crise devido à destruição da natureza.

Leonardo Boff escreveu um livro paradigmático neste sentido: Ecologia: Grito da Terra, grito dos pobres [Sextante, 2004], pois é preciso ouvir a ambos. Então, há muitos movimentos da Teologia da Libertação na linha ecológica. Bem agora há a construção de toda uma teologia sobre a água, como um bem que está a ponto de entrar em crise. Da destruição dos meios naturais e da destruição das pessoas, por este sistema, a Teologia da Libertação é a que mais fala, e muitas vezes nem os grupos políticos nem a Igreja falam disso. O tema ecológico é um tema candente, especialmente na teologia indígena, onde já se fala muito de “Pachamama” na América do Sul, por exemplo, na defesa da terra e da água, onde participam muito os grupos progressistas das igrejas.

Por exemplo, a recente reunião de Cancún sobre as medidas a serem tomadas em relação à mudança climática e ao aquecimento global; que, caso a temperatura subir dois a três graus, haverá catástrofes derivadas dessas mudanças, e os países industrializados não aceitam nem querem tomar medidas, porque proteger a natureza é o pior negócio para eles, pois é preciso reduzir o avanço do mercado, mas eles querem mais e mais lucros e se isso implica em destruição da natureza, o que pouco lhes importa.
Se tudo continuar como está, se não houver mudanças, a terra não chegará ao ano 2025. Abusamos da terra tirando dela mais do que pode dar, mas muitos não se dão conta de que a terra é redonda, e que quando se explora demais, mais adiante ela vai lhe pegar pelas costas. Então, a Igreja desenvolveu uma teologia muito sábia, quando aborda a ecologia, e isto faz parte da Teologia da Libertação.

Em uma de suas últimas análises, “Pedofilia e poder”, você faz afirmações muito arriscadas. Fala em enfrentar a atitude da Igreja católica, por um lado em relação ao fenômeno da pedofilia e, por outro, em relação à Teologia da Libertação. Afirma que a homossexualidade pode ser uma opção legítima se estiver guiada por uma ética de amor e fidelidade e que a exclusão da mulher da estrutura hierárquica católica é o reverso da masculinização absoluta do ministério clerical, chegando a se perguntar como se analisarão estes problemas caso a mulher, ordenada como cardeal, tivesse acesso a altos cargos dentro da estrutura hierárquica da Igreja. Houve alguma reação da cúria romana aos seus posicionamentos ou simplesmente silenciaram?
A Igreja teme falar destes temas. Tem medo. Eu não recebi nenhuma crítica da parte da hierarquia ao artigo, e se deve ao temor que há em relação aos temas.

Atualmente, na ética da Teologia da Libertação aceitamos, por exemplo, que a homossexualidade é um modo de viver, é uma opção. Mas a Igreja e sua hierarquia não entram nestes temas pelo temor de que se desate uma discussão onde não têm muito a dizer, pois são temas que não são discutidos.

Estes são problemas da modernidade e a Igreja católica os rechaçou: não quer saber da homossexualidade ou da participação das mulheres. Em relação a este último, por exemplo, não há um único argumento, nem bíblico nem teológico, para excluir a mulher do sacerdócio e a Igreja o rechaça, porque tem uma visão pré-moderna da mulher.
Enfim, a Igreja não fala muito destes temas, porque não sabe o que dizer, e todas as vezes que entrou, entrou mal, ocultou pedófilos, não ouviu as vítimas, não analisou em profundidade, porque se entrar nesta discussão vão surgir muito mais problemas para a hierarquia por sua posição tão conservadora.

Também no seu espírito do que se poderia chamar de “um provocador teológico”, disse que não existe uma Igreja, mas modelos de como ser Igreja; e se refere a um modelo dominante e tradicional que fenece de maneira irreversível diante de outro que busca, precisamente, um alternativo e mais contextualizado. Na sua opinião, que características ou para onde deve se enfocar esse modelo qualificado por você de emergente?

O modelo da igreja da cristandade já entrou numa forte crise, é irreversível e se aproxima do colapso, porque não tem os elementos nem fundamentos teológicos nem teólogos ou teólogas para superar esta situação. A pedofilia já é um sinal muito sério dessa crise profunda, e pior ainda o ocultamento que a Igreja fez disso. Evidentemente, e embora não como uma consequência direta, as pessoas vão recorrer ao modelo alternativo, vão buscar na Igreja dos pobres uma maneira de viver a sua fé.
Então, esta Igreja emergente, dos pobres, a Igreja do Povo de Deus, deve ter as seguintes características:
 1º.     Opção preferencial pelos pobres e contra a pobreza: é preciso criar estruturas na Igreja para viver com eles (os que vivem com HIV/Aids, os marginalizados, os moradores de rua, etc.). Atualmente, são muitos, mas são invisíveis à sociedade e esta situação é algo que a Igreja deve transformar.
 2º.     Comunidades eclesiais de base: onde se une a oração e a comunidade, não importa que sejam poucos e poucas, o que conta é a qualidade. Para a Igreja da cristandade o importante é a quantidade, porque têm critérios comerciais, de mercado. Me atrevo a dizer que não importa que a Teologia da Libertação morra, contanto que não sigam morrendo os pobres, mas que enquanto houver pobres, haverá Teologia da Libertação, haverá Igreja do Povo de Deus.
 3º.     Leitura popular da Bíblia: o melhor que podemos fazer neste momento de crise é devolver a Bíblia ao povo, com liberdade e autonomia. Durante 400 anos a Igreja esteve sem Bíblia, mas o Concílio Vaticano II rompeu com esta tradição e a devolveu ao povo.
 4º.     Teologia da Libertação: é preciso voltar a fazer teologia. É preciso perder o medo, superar a teologia do medo: os leigos temem o padre, o padre o bispo, o bispo o Vaticano e o Vaticano a Teologia da Libertação... Deve-se deixar o medo de lado e ter fé.
 5º.     Igreja autóctone: é a que nasce dos próprios povos que vão descobrindo o Evangelho.
 6º.     Vida religiosa inserida nos ambientes das e dos marginalizados e desprezados.
 7º.     Novos ministérios: é preciso dessacralizar e “desacerdotizar”, superar distâncias entre leigos e clérigos, que as divisões desapareçam. E aqui exclamar: NUNCA MAIS UMA IGREJA SEM MULHERES! Devem ser integradas como mestras, sábias, teólogas, que assumam todas as funções do presbiterado.
 8º.     Igreja como centros de formação: as e os leigos são o futuro da Igreja, razão pela qual a formação é importante.
 9º.     Igreja de profetas e mártires.
 10º.  Evitar as contradições desnecessárias e crescer onde estão as forças. Não basta criticar e gritar contra a Igreja da cristandade, pois os dois modelos de Igreja não vivem separados e confrontados entre si. Os modelos se entrecruzam. Encontramos sinais da presença de Deus na Igreja da cristandade e sinais de cristandade na Igreja dos pobres.
 Suponhamos que você seja doutor em medicina e tenha que dar um diagnóstico de um doente que, na sua história clínica tem por nome Teologia da Libertação: qual seria seu pulso e sua pressão arterial? Estaria sofrendo de uma dolência passageira, câncer ou seria preciso dar um atestado de óbito no atual contexto político e eclesial da América Latina?

Não poderia dar um prognóstico fatídico, porque, de fato, há um ressurgimento da Teologia da Libertação, embora a Igreja o negue. A leitura popular da Bíblia e as comunidades eclesiais de base são uma força que não podem deter. Os próprios pobres necessitam desta Igreja, necessitam dela para sobreviver. Não é a Igreja que necessita de dinheiro para sobreviver, mas os pobres necessitam da Igreja para sobreviver. E isto se dá em todas as partes, em El Salvador, na Guatemala, na Costa Rica e em muitas outras partes do mundo.
                                                                                                                 

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Leia a Carta Aberto do Instituto de Educação Carmela Dutra contra proibição da Metropolitana III de debate na unidade sobre a greve na rede estadual

CARTA ABERTA


Nós, professores do Instituto de Educação Carmela Dutra, que havíamos organizado uma atividade pedagógica programada para quarta-feira, 15 de junho, às 10 h, direcionada à comunidade escolar, com o intuito de esclarecer a perspectiva dos docentes a respeito da greve na rede estadual, informamos à população que fomos proibidos pela Coordenadoria Metropolitana III de realizar a mesa de debate “Docência, condições de trabalho e organização coletiva”. A atitude antidemocrática deste órgão teve o objetivo de encobrir as mazelas da educação pública estadual e gerar a desordem entre os participantes, já que estes ficariam sem lugar para o debate, expondo, consequentemente, professores, pais e estudantes a uma situação que poderia se tornar fora de controle e trazer problemas para as dependências do colégio. A atividade seria encerrada com um ato pacífico, com alunos, professores, funcionários e membros da comunidade em geral promovendo um abraço ao prédio do IECD. Diante disso, reafirmamos a necessidade de um amplo debate sobre as condições a que são submetidos, diariamente, professores e estudantes nas diversas escolas da rede estadual, como algumas que listamos abaixo.

A. Falta de condições estruturais de trabalho. 01. É comum nas escolas o uso de prédios provisórios, ocorrendo o compartilhamento de escolas municipais durante o dia com escolas estaduais à noite. Neste caso, soube-se, recentemente, que o Estado resolveu abrir mão de 22 dessas escolas, redistribuindo professores e estudantes. O grande problema é o fato de isso estar sendo feito em pleno ano letivo, de forma aleatória, causando inúmeros transtornos para esses professores e alunos. Por que não fazer um planejamento mais adequado projetando essas mudanças para o início do próximo ano letivo? 02. Muitos prédios antigos apresentam sérios problemas estruturais, com instalações elétricas e hidráulicas bastante comprometidas, infiltrações provocadas pela chuva, dentre outros. Ocorre, entretanto, que as obras, na maioria das vezes, são feitas no período das aulas, prejudicando bastante a circulação de alunos professores e funcionários. No caso do Carmela Dutra, está prevista a demolição da quadra esportiva para a passagem de uma via expressa, mas não se tem notícia de um projeto alternativo, tampouco nenhum tipo de investimento para a construção de uma nova. 03.

As salas costumam estar superlotadas, havendo turmas com 50 alunos, ou até mesmo ultrapassando esse quantitativo. Ressalte-se que isso é mais do que o dobro recomendado, sendo que, em países como Inglaterra, Alemanha, França, dentre outros, esse número já está fixado em 25 ou 30, dependendo do caso. Acrescente-se, também, que essa questão é fundamental para que haja uma educação de qualidade, capaz de atender às necessidades de aprendizagem dos alunos. 04. Muitos professores, como os de Filosofia e de Sociologia, por exemplo, trabalham com até 12 turmas diferentes para preencher seu quadro de horário, ou seja, um tempo de aula para cada turma por semana, de modo que é impossível conhecer os alunos de forma adequada, incluindo seus nomes, evidentemente. É lógico que, nestas condições tão adversas, existe uma dificuldade muito grande para o professor desenvolver seu trabalho a contento. 05. Boa parte dos professores, para preencher seu horário mínimo, trabalha em duas ou mais escolas, causando para ele, com essa fragmentação, sérios problemas de tempo e de dinheiro, já que os constantes deslocamentos prejudicam o cotidiano do professor, sempre preso a inúmeras atividades, sem falar no maior gasto com passagens. 06. A indignidade do salário é gritante, uma vez que o professor da rede estadual sofreu, pelo menos, 60% de desvalorização em seus vencimentos, e os planos parcelados de reposição sequer cobrem essa defasagem. Ressalte-se, neste caso, que o piso de um professor de ensino médio, para trabalhar 16 horas semanais, está em torno de R$ 770,00, perfazendo a hora-aula em cerca de R$ 11,50, extremamente baixo quando se objetiva a questão da qualidade. Esse salário indecente produz um triste quadro estatístico, já que, conforme reportagens em diversos jornais da cidade, quatro professores abandonam diariamente a rede estadual e, dentre os novos concursados, um número muito grande sequer chega a tomar posse. Isto gera um sério problema na rede, já que é extremamente comum o fato de inúmeros alunos não terem professores para diversas matérias, mantendo esse quadro negativo na formação educacional daqueles que têm necessidade da escola pública.

A título de ilustração, seria interessante estabelecer uma comparação com o Município do Rio de Janeiro, no qual o professor recebe, pela mesma carga horária, um piso de aproximadamente R$ 1.300,00, perfazendo a hora-aula em cerca de R$ 20,50, o que ainda está longe do ideal. Mas por que essa diferença tão gritante? 07. O Estado vem agregando cada vez mais o sobretrabalho, pois, atualmente, além de lançar as notas no diário e encaminhá-las à coordenação, o professor precisa lançar também essas notas no sistema conexão, que quase nunca funciona, pois existem turmas trocadas, alunos que não estão inscritos, enquanto outros aparecem em duplicidade. Lembramos que o lançamento de notas na antiga intranet era de responsabilidade da secretaria da escola, e esse trabalho tem-se acumulado, paulatinamente, no serviço do professor, que não ganha mais por isso. 08. O item anterior toca num problema bastante grave, que seria a não contratação de pessoas para trabalhar nas diversas atividades de apoio, sem as quais uma escola não tem condições mínimas de funcionamento. Neste caso, urge a contratação de profissionais adequados para os diversos trabalhos existentes numa unidade escolar. Dentre os quais, podemos citar como exemplo: funcionários para as atividades de secretaria e inspetores para as atividades de controle interno de alunos. 09. Não concordamos com a forma através da qual a prova da SAERJ foi imposta aos professores e alunos, uma vez que a completa desorganização dessa avaliação compromete totalmente o seu resultado. 10. Repudiamos, completamente, o plano de metas estabelecido pelo governo do Estado, visto estar este longe de contribuir para melhorar a educação da rede estadual.

A meritocracia não contribui em nada para a consecução dos diversos problemas já citados em tópicos anteriores, além de expressar, em seu conteúdo, tópicos absurdos, colocados apenas para não permitir que o professor consiga realizar os objetivos propostos em sua unidade escolar, como o caso, por exemplo, de propor a não existência de alguma aluna grávida dentro do estabelecimento. Acrescente-se a isso, o fato de que, conforme ocorreu também no caso da criação da SAERJ, em nenhum momento, os professores foram consultados a respeito da criação dessas propostas. 11. Podemos tocar, também, no problema dos funcionários terceirizados, contratados numa espécie de atividade quebra-galho, não tendo direito, inclusive, a férias. B. Questões referentes aos Institutos de Educação. 01. Os Institutos de Educação, antigas Escolas Normais, possuem algumas particularidades: formam professores, necessitando, neste caso, de tratamentos específicos. Nossos alunos, por exemplo, devem fazer estágio; no entanto, o Estado não para o seguro dos estudantes, que não podem realizar suas atividades culturais e de prática pedagógica. 02. É necessário, também, que se estabeleça um concurso para que se possa melhor estabelecer a entrada daqueles que realmente estariam interessados em ser professores. 03. O sistema de avaliação não pode seguir o mesmo proposto pela rede estadual. Neste caso, seria melhor deixar que cada unidade escolar estabelecesse o critério mais adequado para lidar com seu corpo discente no que tange a esse quesito. C. Questões Administrativas 01. Gostaríamos que houvesse uma transparência a respeito dos gastos com o sistema conexão, já que parece estar havendo desperdício de dinheiro, não se sabe se para atender a “determinados interesses”. 02. O mesmo ocorre na instalação do sistema de ar condicionado, ou, como diz o governo, a climatização nas escolas. O estado parece estar pagando um preço demasiadamente alto por esse trabalho. 03.

Gostaríamos de frisar que não somos contra a informatização e muito menos contra a climatização. Gostaríamos apenas de saber quanto e como o governo está gastando com esses serviços. O nosso interesse é também o do contribuinte, que paga impostos e gostaria de ver o estado prestando serviços dignos e adequados à população. Por outro lado, o governo do estado, sempre diz que não tem verba para pagar melhor aos seus funcionários, o que nos leva a refletir a respeito dos gastos nos já citados serviços, sem falar, evidentemente, nas diversas obras. Queremos, acima de tudo, transparência.

Fonte: seperj.org.br

Carta de alunos do Colégio Estadual Joaquim Távora contra a aplicação do Saerj

Niterói, 29 de Junho de 2011


Vimos por meio desta informar que os alunos de terceiro ano do Colégio Estadual Joaquim Távora protestam a aplicação da prova “SAERJINHO”.

É uma indignidade ver o descaso com que a educação é tratada no Estado do Rio de Janeiro. Lutamos por uma educação pública de qualidade, não podemos nos omitir e deixar que o nosso futuro seja destruído pelo descaso das autoridades para com a educação das camadas populares. Apoiamos sim a greve dos professores!

É um absurdo que em plena greve seja aplicada o SAERJINHO, um Sistema de Avaliação da Educação. A escola conta com a presença dos alunos, mas sem aula, provavelmente é de se esperar que faltem alunos. E a responsabilidade não pode cair em nossas costas, além de todo esse descaso, sofremos também com a falta de comunicação, os poucos alunos que compareceram hoje 29/06/2011 a escola, todos foram pegos de surpresa com a notícia da aplicação da prova.

Não cabe a nós fazermos uma prova que além da avaliar nossa inteligência, servirá também para medir o salário que o profissional da educação irá receber. O índice de avaliação do Estado do Rio de Janeiro só será melhorado se houver maiores investimentos na educação, incluindo salários dignos aos professores da rede pública e não simplesmente com a aplicação de uma prova.

Estamos buscando os nossos direitos, queremos dignidade. Então vamos lutar para conquistar. Respeito à educação, SAERJ não!

Fonte: seperj.org.br

Copacabana será palco da 'Marcha das Vadias' no próximo sábado

Redação SRZD | Rio+ | 30/06/2011 16h34

Mulheres organizam marcha em manifestação aos seus direitos. O protesto está marcado para acontecer no próximo dia 2 de julho às 14h, no posto 4 de Copacabana. O término da caminhada será feito em frente a 12ª DP, na Rua Hilário Gouvêa, também em Copacabana.

Com um nome bastante chamativo, "A Marcha das Vadias", como foi batizado, é um protesto contra a ideia de culpar as mulheres pelas agressões que sofrem. Além do Rio de Janeiro, cidades como Belo Horizonte, São Paulo, Juiz de Fora, Brasília, Florianópolis, Recife, Fortaleza, Porto Alegre e Natal, também organizaram tal movimento.

De acordo com o relatório do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, mostrou que pelo menos 10 mulheres sofrem abuso sexual por dia em 2011. De 4.589 mil registros desse tipo de violência, 3.751 mil são meninas de no máximo 14 anos de idade.

A Marcha das Vadias tem o intuito de defender o direito de ir e vir e de existir sem ser vítima da violência, atendimento de qualidade pelo Sistema único de Saúde (SUS) para todas as pessoas que sofrem violência sexual, acesso sem burocracia ou protelação ao aborto pelo SUS quando as gravidezes são conseqüência de um estupro e se esta for a decisão da mulher, implementação efetiva da Lei Maria da Penha, melhorias nas Delegacias Especiais de Atendimento às Mulheres (DEAMs), qualificação das delegacias não especializadas para atender vítimas de violência sexual e doméstica, com capacitação de agentes da segurança pública sobre diversidade sexual.