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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Programa Fé e Política - 22 de janeiro de 2011

           Feita a apresentação dos componentes da mesa, iniciamos o a leitura da motivação sobre a criação do Dia Contra a Intolerância Religiosa (21/01). Na Mesa:
            Marcos, representante da TCAF casa de Umbanda e presidente do Movimento Umbanda do Amanhã (MUDA), que tem trabalhos inúmeros na área social.
            Pe. Niraldo Lopes, pároco responsável pela Paróquia Cristo Rei, em Vaz Logo e orientador espiritual na Arquidiocese do Rio de Janeiro das Comunidades Eclesias de Base (CEBs), representante da Igreja católica, diz que tolerar é em primeiro lugar ter o respeito pelas pessoas, principalmente que esta atitude deve partir das pessoas de fé, partilhar, crescer e aprender.
            Diogo – Sacerdote Wicca, uma religião neopagã, que resgata o antigo culto às forças da natureza e também tem ampla luta contra a estigmatização de sua religião e perseguições que tiveram mais intensidade a partir do período da Inquisição Católica.
            Mio – Representante dos Ciganos, estes não definem para sua cultura uma religião própria, respeitando todos os credos e religiões.
            Como motivação do debate, qual a importância do respeito entre semelhantes, entre seres humanos e também como pessoas de fé e, com isso, criar espaços para discussões e, nessa perspectiva, o que ainda falta a fim de acrescentar para que os grupos religiosos iniciem esse entendimento?
            Pe Niraldo destaca que a questão da divindade não caminha e nem pode ser identificada com discriminação, desconsiderando com isso o propósito do próprio Deus. No interior das religiões existem divergências de ideias e práticas e, mesmo assim, existe o respeito, pensando a própria diversidade da sociedade brasileira em particular e, sendo o corpo humano o templo vivo do Espírito Santo, não deve admitir a discriminação dos diferentes, e sim, a tentativa de entendimento e diálogo, e que isso deva ser a prática constante de todos os membros. Afirma ainda que a intolerância se manifesta pela falta de conhecimento e, nesse sentido, é necessário atitiudades ousadas de conscientização que nos levarão a compreender a importância de uma aproximação maior entre si, o que também nos impele a uma solidariedade maior com os mais sofridos.
            Diogo declara que o essencial para o combate à intolerância religiosa acontece pelo diálogo, que faz parte da boa convivência social, caminhando em paz e harmonia, pois o sentido da palavra religião vem do latim religare, “ligar e religar” o ser humano a Deus, aos deuses e aos irmãos de fé, para que haja a paz tão almejada por todos e todas, lembrando que essa atitude traria como referência para a própria situação de violência em que vive o Rio de Janeiro.
              Mio, em sua exposição, destaca o artigo da Constituição que destaca a liberdade religiosa assegurada a todos os cidadãos e cidadãs, e um trabalho para a mudança cultural das pessoas, atingindo principalmente às crianças para que sejam educadas para que respeitem todas as manifestações religiosas, pois ainda existe uma certa “ditadura religiosa” presente na sociedade. Afirma que a palavra tolerância deveria ser substituída pela palavra respeito, pois tolerar é simplesmente a ação que o “superior” tem, mas não se traduz no respeito, ou aquela história do “já que existe, então deixa” e ele destaca uma maior atuação dos promotores de justiça na defesa do povo contra ações de intolerância de qualquer natureza (étnica, religiosa, social, etc) usando a Constituição como uma grande arma.
            Prosseguindo debate, houve uma rápida explanação sobre a origem do “Dia Nacional Contra a Intolerância Religiosa” (1999) e também divulgou-se, resumidamente, o trabalho que vem realizando a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa no Rio de Janeiro, cujas reuniões acontecem todas as quartas-feiras a partir das 16h na Rua Sampaio Ferraz, 29 Estácio – Rio de Janeiro e para que se conheça mais o trabalho da Comissão, é só acessar o sítio www.eutenhofe.org.br.             
           No tocante às ações da Comissão, os participantes ressaltaram que este trabalho visa potencializar forças, movendo e sensibilizando toda a sociedade, mobilizando-a e também criar meios para um amplo diálogo  junto às autoridades constituídas no cumprimento da lei.
Sobre algumas atitudes de intolerância religiosa, destacou-se a imagem de N.S. Aparecida que fora chutada num programa da Igreja Universal do Reino de Deus e que teve grande repercussão e mobilização da sociedade frente a essas atitude; intolerância cria uma expectativa negativa a respeito de qual deve ser a conduta do fiel que professa sua fé: defender sua religião, transformando essa defesa ou apologia num ato de rejeição aos demais credos.
            Outro ponto em destaque foi o crime contra a natureza, para os wiccanos, desenvolvem a sua linha de raciocínio de que um dos maiores inimigos a atos de tolerância e respeito às religiões é o pleno fanatismo praticado por alguns segmentos, que incitam a violência contra outros grupos minoritários; destaca que a ganância e a autosuficiência também são responsáveis por esses atos de intolerância e que, ao invés de estarem os grupos em intensos conflitos, deveriam refletir um ponto que é comum hoje a todos nós: a questão do meio ambiente, que parte para uma não utilização não-sustentável do mundo que, segundo os wiccanos, é o grande mal da humanidade, pois as agências que controlam o poder afirmam-se também como dominadores da natureza, e que essa atitude só pode mudar com medidas de educação para transformações na própria cultura do desperdício que impera em nosso meio e que as religiões podem ter um papel fundamental no sentido da afirmação da ética, mesmo sabendo que outras instâncias podem também contribuir para tal atitude.
            Ainda relacionado às questões de cunho natural, Marcos afirma que os orixás são as representações das forças de domínio na natureza e por isso, a preocupação com o meio ambiente é de extrema importância, pois lá é a casa também dessas entidades, pois é da natureza que se extrai as forças necessárias as suas práticas rituais e também de promoção à vida do ser humano.
            Como parte final do debate, fica a questão: o que existe hoje mais nos une ou mais nos separa?
            Marcos afirma que não existe nada maior que o Criador e que estejamos conscientes dessa harmonia e combater tudo aquilo que nos degrada e nos separa, nos tornando sementes que frutificarão e que alimentarão a outros.
            Segundo Diogo, o mundo, a fé, o povo, o ser humano é um só, e que dependemos mutuamente uns dos outros, exemplificando o próprio ciclo da vida e essas diferenças nos devem fazer enxergar a multiplicidade do ser humano.
            Mio crê que a fé, a igualdade social podem ser fundamentais para a transformação da sociedade, desde que haja um respeito maior entre as diferenças entre indivíduos e grupos, sejam eles de qualquer natureza.

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