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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Texto de uma professora da rede estadual do Rio de Janeiro

O Texto abaixo foi enviado por profº do Estado do RJ ao Programa do Faustão após a entrevista de Amanda Gurgel (professora que denunciou a decadência do ensino público no RN - vide vídeo no you tube) e reflete toda a situação dos professores do Estado do Rio de Janeiro.


Gostaria de acrescentar alguns dados ao que foi colocado pela Prof. Amanda Gurgel no programa de hoje.

Sou professor do Ensino Médio no Estado do Rio de Janeiro e nossa situação é quase idêntica a que foi colocada.

Eu digo quase porque temos alguns agravantes que passo a relatar:

1 – Recebemos alunos oriundos do Ensino Fundamental que muitas vezes sequer sabem ler e, quando sabem, não conseguem entender o que leem.
2 – O Governador prometeu, na campanha do primeiro mandato, colocar na Sec. Est. De Educação pessoas oriundas da Educação. Já está no segundo mandato e NUNCA cumpriu a promessa. Ao contrário disto, colocou pessoas com formação técnica que estão tratando a Educação como um número a ser melhorado esquecendo que Educação está ligada a área de Ciências Humanas, ou seja, lida com gente, pessoas.
3 – O Governador pinta, à frente das luzes e câmeras, um cenário maravilhoso pra nós mas, nos bastidores, estamos sendo humilhados, ameaçados e fiscalizados. Na verdade, está sendo imputada a nós a culpa pela situação da Educação no Rio de Janeiro e, da mesma forma, colocada sobre nós a responsabilidade por reverter esta situação.
4 – O mesmo Governador, ainda na primeira campanha, prometeu incorporar aos salários a gratificação chamada de “Nova Escola” mas somente no final do primeiro mandato apresentou um plano de incorporação em parcelas que só será concluído em 2015. O lado mais sórdido disto é que os professores que já recebiam esta gratificação não estão ganhando nada além do que já ganhavam e estão condenados a ficar sem aumento até 2015.
5 – Ainda na frente das câmeras, o Governador diz, por exemplo, que “os professores ganharam notebooks” fazendo o público acreditar que TODOS os professores tem notebooks e que estes foram dados. Isto está longe de ser verdade. Nem todos os professores receberam o notebook e os que receberam tiveram que assinar um termo se comprometendo com a devolução em caso de aposentadoria, exoneração e até mesmo licença médica por mais de 90 dias. Assim sendo, não ganhamos nada.
6 – O Plano de Metas que será usado para calcular uma possível gratificação tem aberrações que tiram pontos das escolas como:
a) Índice de alunas grávidas (como se nós tivéssemos como determinar o que cada aluna pode ou não fazer com o seu corpo).
b) Índice de alunos(as) que apresentam problemas de envolvimento com drogas (como se nós pudéssemos entrar em sala e perguntar: “Quem aí usa drogas????”).
Como se não bastasse, o tal plano tem por objetivo indireto, colocar professores e profissionais de ensino uns contra os outros. Explicando: Se um professor falta muito, mesmo que o diretor faça o que deve ser feito (registrar a falta, dar advertência, etc). a escola perde pontos e, consequentemente, todos as pessoas lotadas na escola perdem.
7 – A evasão escolar está sendo usada apenas para o que o Governo chama de “Otimizar turmas”, ou seja, extinguir turmas com MENOS DE 30 ALUNOS formando turma com até 50-60 alunos.
A consequência disto, além é claro da queda de qualidade das aulas e aproveitamento dos alunos, é a perda de carga horária do professor fazendo-o procurar a Coordenadoria para conseguir alguma escola para complementar a sua carga.
Neste caso, na maioria das vezes ele acaba tendo que mudar sua rotina radicalmente e se for assim ainda tem que dar graças a Deus pois como o processo se otimização acontece em toda a rede, são muitos os professores com carga horária “roubada” e muitas escolas com turmas “otimizadas”
É o Governo diminuindo a carência de professores pela diminuição do número de turmas (algo como acabar com a pobreza matando os pobres).
8 – Como não poderia ficar de fora, temos também a questão do salário. Um professor recém empossado tem como salário líquido R$ 681,44. Somente no início deste ano letivo passamos a receber auxílio para transporte e mais nada.
O Governo vem falando de um auxílio cultural mas até agora nada está certo.
Quanto à alimentação, vale o que foi dito no seu programa. Oficialmente o professor é PROIBIDO de se alimentar com o que é servido aos alunos.
Mas não recebemos nenhum auxílio alimentação…

Enfim, estamos vivendo uma crise geral onde nós professores nos vemos pressionados, sem recursos, sem dinheiro, sem futuro, sem apoio da sociedade, sem qualidade de vida, sem convívio familiar.... resumindo, vivendo sem vida.




Para atualizar o dado sobre a qualificação cultural a que o texto se refere: este cartão chegou às agências onde cada professor recebe seu salário na segunda semana de nossa greve, este cartão é de débito no valor de R$500,00 e só poderemos usá-lo nos estabelecimentos com bandeira mastercard e para comprar itens culturais, em se tratando de cultura as opções são vastas e cabe muita discussão, mas o que a maioria certamente fará é correr para um guanabara ou prezunic para comprar alimentação, pois com este salário não dá para ter outro posicionamento e certamente sofreremos retaliaçãoes futuras por conta disso.

Peço que após esse esclarecimento vc se junte à esta causa que não é apenas dos profissionais da educação, é de toda a população fluminense, vista-se de preto e vá ao aterro do flamengo neste domingo dia 26/06 às 14H em frente ao castelinho do flamengo e na terça-feira dia 28/06, no mesmo horário, reuna-se conosco em frente ao Tribunal de Justiça do RJ onde a juiza da 13 vara receberá representantes da categoria e do governo.

NOSSAS PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES:
* Aumento salarial de 26% 
* Integração de todas as parcelas do Nova Escola, previstas para terminar em 2015, já! Cada parcela de R$30,00 é paga a CADA mês de Julho, este ano receberemos a segunda parcela (!!!)
* Descongelamento do plano de carreira dos funcionários administrativos que têm o piso de R$ 433,00!!!
Professora Raquel Teixeira
CE Brigadeiro Schorcht - Taquara
CE José Lewgoy - complexo penitenciário de Bangu

Um comentário:

  1. O tema "greve de professores" nao é pauta na grande imprensa. Manifestacoes de rua sao interessantes, porém creio que utilizar os meios da internet seria interessantissimo, como por exemplo mandar emails para programas de TV, Radio, utilizar salas de bate-papo, por um cartaz enorme em algum predio... enfim, fazer a imprensa se posicionar.

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